A M O R

Amor Electro em alta voltagem

sábado, 3 de novembro de 2012


Os Amor Electro são um daqueles grupos que quase nem demos pela sua chegada e, de repente, estão já a fechar uma digressão nacional, de um ano, com um Coliseu dos Recreios completamente ligado à corrente de boa energia que o grupo tem, consegue passar e pretende fazer dela uma marca e um rumo nacionais. Esta noite os Amor Electro provaram ser uma grande banda ao vivo e portaram-se como tal.

Voz já bem conhecida do projecto Donna Maria, a presença de Marisa Liz em palco é gigante, a contrastar com aquela figura pequenina e magrinha que, a ser verdade que ninguém escolhe o corpo que "habita", a alma, essa pode ser avassaladora e levar a palavra "amor" a estar na boca de toda a gente, sem preconceitos.

O primeiro tema da noite foi uma versão de 'No Teu Poema', um original de José Luís Tinoco, popularizado por Carlos do Carmo.

Tiago Pais Dias (multi-instrumentista da banda), Ricardo Vasconcelos (teclas), Rui Rechena (baixo) e Lito Pedreira (bateria) fizeram-se acompanhar da também enorme em talento Orquestra Fantasma e de uma vocalista que, certamente, teve pele de galinha uma boa parte da noite. «É uma honra estar a tocar pela primeira vez na sala mais portuguesa de sempre», apresentou-se Marisa Liz.

'Amor Maior Que a Vida' foi a canção que se seguiu antes de começarem a desfilar os convidados que, também eles, abrilhantaram a noite e foram uma espécie de "holofote" para que a cantora se destacasse ainda mais na sua versatilidade quer vocal quer, sabe-se agora, física. O fadista Hélder Moutinho foi o primeiro convidado antes do Coliseu viver um autêntico momento de comunhão, como se de uma missa católica se tratasse, no momento da homilia em que o sacerdote diz "Saudai-vos na Paz de Cristo". Foi esse o sentimento que a vocalista da banda procurou repetir, à sua maneira, pedindo ao público que olhasse para os lados e, independentemente, de quem visse, abraçasse essa pessoa. Parece ter funcionado, mesmo tratando-se de grupos de amigos já feitos. 'Capitão Romance', original dos Ornatos Violeta, que agora também têm estado em alta, foi a canção responsável por tanto afecto espalhado no Coliseu.

O músico Luso-Angolano Yami foi o senhor que se seguiu, a quem se sucedeu a voz inconfundível de Pacman e Pedro Oliveira, o vocalista dos Sétima Legião a pôr o Coliseu de pé para acompanhar com todo o fervor o eterno 'Sete Mares', também merecedor de uma inusitada versão electro-rock-jazzy-pop por parte dos Amor Electro.

Num jogo de luzes e de cenário surpreendente, Marisa e o companheiro aparecem no meio do público para interpretarem em conjunto (desta vez ela acompanhada pelas teclas) um apaixonadíssimo 'Rosa Sangue' que culmina com um beijo muito aplaudido pelo público, já em pé há um bom bocado. Marisa tem uma voz firme, segura e sem mácula que se mantém inalterada durante todo o concerto apesar do cansaço e da emoção.

«Todos nós fazemos coisas diferentes, temos trabalhos diferentes mas todos somos portugueses. A vida não pode parar, o mundo não pode parar. Confesso que só quando cantei esta pela primeira vez é que senti o que realmente ela queria dizer», explicou Maruisa antes de começar a encaminhar o espectáculo para o final com o Hino Nacional a ser cantado de pé por todo o Coliseu.

Do encore fez parte um tema com letra de Jorge Cruz, vocalista dos Diabo na Cruz, e a fortíssima música que catapultou os Amor Electro para a fama e para os muitos prémios já arrecadados em Portugal e além-fronteiras: 'A Máquina', com letra da própria Marisa.

O tempo cinzento de um Outono lá fora é o contraste perfeito para as cores cheias de vida que Marisa Liz envergou nos seus vestidos (amarelo, o primeiro e vermelho sangue,o segundo) com a assinatura de Dino Alves. A própria fez questão de mencionar que tudo nesta noite teve a assinatura de Portugal - a língua, a cultura, a tradição e a garra histórica dos portugueses em ultrapassar fases difíceis.
Muitos abraços, beijos e uma lista infindável de agradecimentos antes da noite fechar com 'Barco Negro', tema que dificilmente conseguiremos descolar de Amália Rodrigues, que fechou a noite na companhia dos jovens percussionistas Tocá Rufar, mais uma parceria de luxo para esta noite de frases-chave para o tal futuro melhor que toda a gente busca. «Nunca desistam», foram as últimas palavras de Marisa nesta noite de 2 de Novembro de 2012.

Para este concerto que fechou a digressão, e que decorreu em moldes diferentes dos anteriores, os Amor Electro deixaram uma sonoridade electrizante, cantada na língua de Camões, num país que tem a esperança no futuro ameaçada.


Daniela Azevedo
Fotos: Nuno Fontinha

Fonte: Cotonete

Comentários:

 
AMOR ELECTRO - Clube de Fãs © Copyright | Template By Sílvia Gomes |